quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Jodie versus Allie: A batalha final

Jodie versus Allie
A batalha final


Caminhei pelo corredor do prédio de Megan, achando patética essa demonstração de infantilidade de Leonor, minha irmãzinha. Ela e Megan são melhores amigas, mas brigaram por algum motivo obscuro. Então aqui estou eu, trazendo uma caixa cheia das coisas de Megan que estavam na minha casa. E como haviam coisas, essa caixa esta muito pesada.
Apartamento 1001. Bem, é aqui. Apertei a campainha, reparando distraidamente nos números dourados na porta. Muito bom gosto.
Até que os números foram subitamente arrancados da minha mente pela visão daquele peito perfeito, vestindo apenas uma toalha amarrada na cintura, bem na minha frente. Confesso que aquela visão me deixou um pouquinho atordoada. Ok, ok. Muito atordoada. Apenas até o instante que alguma partezinha remota da minha mente me lembrou de olhar pra cima, pra ver sabe, o rosto dono daquele peito espetacular. Minha animação esfriou no mesmo instante. Jordan.
Eu e Jordan estudamos na mesma turma, mas jamais me passou pela mente que ele fosse parente de Megan. Espera. Talvez ele não seja parente da Megan.
É, ele ta me olhando de um jeito esquisito. Olhou pra mim, ai olhou pra caixa, a orelha de um ursinho cor-de-rosa saindo pela abertura, ai olhou pra mim de novo. Acabei de reparar que estou a tipo horas olhando o peitoral do cara. Fiquei instantaneamente vermelha. Mas também não é minha culpa! Quando eu ia imaginar que todas aquelas camisas caras e bem passadas escondiam uma maravilha dessas. Vamos Allie, pelo menos finja que você ainda consegue pensar. Ai Deus, ele levantou uma sobrancelha. Deve achar que eu sou louca. Ele possivelmente já achava que eu sou louca, mas de qualquer forma...
- Hum, olá Jordan. A Megan mora aqui? – finalmente perguntei. Corando de novo. Eterna maldição das ruivas, eu devia estar parecendo um tomate.
Ele continuou me olhando daquele jeito esquisito. Ai deu um passo pro lado, desocupando o vão da porta, pra eu poder passar. Ele ta começando a parecer ainda mais estranho que eu.
- Megan mora aqui sim, Allison. – a ultima vez que alguém da turma dele me chamara de Allie, se bem me lembro um dos descerebrados dos jogadores de futebol, eu deixei o cara praticamente estéril. Nota-se que traquejo social não é exatamente o meu forte. – Mas no momento ela não está. Só não imagino o que alguém como você teria pra falar com a minha irmã.
Pelo bem geral da nação decidi ignorar a ironia do alguém como você. Populares idiotas. Só deixe a caixa em algum lugar e vá embora. E não olhe pro peito dele. Simples.
- Acontece, Jordan, que Megan e Leonor brigaram. Você, como alienado que é. Não deve saber, mas Leonor é a melhor amiga dela, e minha irmã. E me pediu pra trazer as coisas de Megan de volta pra cá. – E também dizer á ela que nunca mais fala-se com Leonor, acrescentei mentalmente.
- Pode deixá-la no sofá. – ele disse, se aproximando. Não olha Allie. Não Allisson! Você é forte. NÃO ALISSON!
Não funcionou, evidentemente. Meu olhar, esse traidor, foi direto para o peito dele. Aquele belo peito másculo e... chega.
- Oh...O.k. – Coordene os músculos, solte a caixa e saia daí. Agora.
Larguei a caixa, de costas para ele, respirando fundo para normalizar a minha pulsação.
- Você está bem? – ele perguntou quando me virei, erguendo a sobrancelha bem-feita novamente. – parece meio... perturbada.
- Não creio que o meu estado de saúde seja da sua conta, Jordan. E se isso foi uma tentativa de ofender, passou longe. – o ataque é a melhor defesa, afinal.
Ele levantou as mãos em sinal de paz.
- Foi só uma pergunta. Você tem mania de perseguição ou o que?
Revirei os olhos e me virei para sair.
- Não da mesmo pra ter uma conversa civilizada com alguém como você. – finalizou ele quando eu já estava quase na porta. Alguém como você. De novo. Isso ferveu meu sangue. Eu não sou famosa pela minha infinita paciência com populares afinal. Nem mesmo os com peitorais fabulosos.
Dei meia volta, enfurecida, e encostei a ponta da minha comprida unha azul metálica no tal peito enlouquecedor.
- O que há de tão errado em pessoas como eu, Jordan? Pessoas que não se rendem ao culto aos da sua laia de descerebrados opressores? Hein Jordan? – minha unha quase rasgando a pele quente dele, meus olhos perfurando os olhos escuros dele.
Mas sempre se podia contar com ele para me surpreender. Ele agarrou os meus braços e me beijou. É, beijou. Eu sei, o cara é doido mesmo. Mas, caramba, que beijo. Amoleceu as minhas pernas, e mesmo contra minha vontade passei os braços pela nuca, até os cabelos ainda úmidos dele. Parando nos músculos dos ombros, hoho. Estava tudo lindo até ele interromper o beijo, e me olhar com aquele ar de deboche. Fiz a única coisa ainda digna a se fazer, obviamente. Dei-lhe um sonoro tapa, que desfez rapidamente a expressão triunfante. Ele ainda me olhava chocado quando passei pela porta, caminhando muito calmamente até o elevador.
Talvez tenha sido um pouquinho exagerado. Ok, Ok. Muito exagerado. Mas o cara fica exibindo aquele maldito peito por ai, desavergonhadamente, depois me ofende, ai me beija e ainda debocha de mim! Eu tinha que defender a minha própria honra!
Desci até o térreo bufando de ódio. Ta, talvez não só ódio. Confesso que o desgraçado beija bem. Bem até demais.
PARA DE PENSAR NISSO ALISSON! Gritei comigo mesma em pensamento entrando no carro. Ele não ia me perturbar assim. Ah, não ia mesmo…
Sai cantando pneus com o carro do estacionamento do prédio dele. Mas na manha seguinte, segunda-feira, já estava bem mais calma. Ok, não MUITO mais calma. Mas controlada.
Naquela manha especifica eu tinha motivos de sobra pra estar contente. Fato numero um sobre mim pra se entender isso: Eu participo do clube de teatro. E se alguém tiver algo a dizer sobre isso que se atreva a reclamar. Sou uma atriz bastante boa. E nós estávamos começando os ensaios para a peça de primavera. Ou seja, eu tinha quilos de texto para passar.
Fato numero dois: eu nunca, nunquinha, em toda a minha longa vida escolar, jamais assisti a uma palestra da diretora. Nunca. Nenhumazinha. Claro que eu já fui pega matando as palestras. Umas 10 ou 15 vezes. Mas quando nenhuma das ameaças, castigos, suspensões, e detenções haviam funcionado, eles haviam acabado por me deixar em paz. Eu tinha detenção todo dia depois da escola. Sempre havia um motivo, de modo que nem me lembro exatamente porque estou cumprindo no momento. Creio que seja pela tal quase operação de mudança de sexo no jogador. Ou talvez seja por ter jogado macarrão no cabelo da líder de torcida apaixonada por Jordan. Nem vem com pensamentos. Ela me provocou, eu me irritei. Me irrito com muita facilidade.
Bom, então aqui estamos nós. Eu estou na sala de teatro, livre a manha toda, sentada numa poltrona de cenário. A única coisa que tem sobre o palco é essa poltrona. Minhas pernas estão jogadas sobre o encosto, uma posição bem confortável. Eu estava lá, bem quieta no meu canto, aproveitando a minha manhã. Mas Jordan não podia me deixar em paz, podia?
Ele veio despreocupadamente pelo corredor em meio às poltronas, me olhando com aqueles olhos grandes e verdes. Oh não, ele não podia se contentar em ter um peito basicamente perfeito. Não Jordan. Ele tinha que ter também aqueles olhos. Serio, os olhos dele hipnotizam. Uou, eu estava desprevenida, me dêem um desconto.
Ele vinha andando todo gostoso pelo corredor, aquele ar de superioridade natural que ele tem, a camisa ondulando sobre o peito. Eu tinha que invocar a imagem mental daquele maldito peito. Idiota.
Enquanto eu me perdia em alucinações sobre o peito/olhos/todo o resto dele, o babaca chegou mais perto. Bem mais perto. Muito mais perto do que seria seguro.
Ele estava praticamente em cima de mim, então se ajoelhou na frente da poltrona, o rosto na altura do meu. Não pensa no beijo, Allie. Allison, Não. NÃO!
Porque as minha PROPRIAS ordens mentais NUNCA funcionam comigo afinal?!
Eu totalmente tinha que quebrar aquela tensão toda. Engoli em seco. Ele acompanhou, parecendo bem interessado, o movimento da minha garganta. Jordan babaca.
- Não posso crer que o todo glorioso e perfeito presidente do conselho estudantil esta matando a palestra da diretora. Inaceitável. O que seus amiguinhos vão pensar? – continue destilando veneno. Talvez assim ele saia de perto. Mas veja, nós estamos falando de Jordan. Ele não ia sair de perto. Deu de ombros, simplesmente.
- Eu queria ver você. – Jordan idiota. Isso não era coisa pra se dizer num momento desses, pelo amor de Deus. – Os meus amigos podem conviver com a decepção.
Eu engoli em seco de novo. Aquela não era, definitivamente, o que ele devia ter feito.
- E como você sabia que eu não estaria lá? Sair de fininho da sala não é nada fácil, então você nem deve ter entrado.
Ele riu. O canalha riu. Deus, como eu odiava aquele brilho nos olhos imensamente verdes dele.
- Você nunca vai a essas coisas. – Uou, ele notou. Isso é bem...bom, legal. Eu não imaginava que o cara me notasse. Ele deve ter lido isso na minha cara de boba alegre. – é, eu notei. Não é nenhum pecado. O que eu to pensando em fazer talvez seja, mas já que eu já vou pro inferno mesmo...
Ele me beijou de novo. Eu sei, humilhante. Mas eu ainda tava atordoada por saber que ele me observava e... ah meu, o beijo do cara era demais. Simplesmente demais.
Ele me atordoa. Me tira o pouco de razão que ainda me resta. Ele é louco. Completamente. Mas é deliciosamente bom estar beijando ele de novo.
Vamos ser sinceros, eu estava esperando ansiosamente por isso desde que ele entrou na sala. Pra ser sincera de verdade, desde que o beijo de ontem acabou. Não me orgulho disso, sinceramente. Todo mundo tem sua fraqueza. Os beijos dele são a minha. Oh Deus, que lastima.
Desisti totalmente da minha honra. Vergonhoso, completamente vergonhoso. Mas joguei os braços ao redor do pescoço dele, direto nos cabelos escuros. O desgraçado ainda tem cabelos macios. Além de peito perfeito, olhos verdes lindos, a boca mais beijavel do mundo, o cara ainda tem cabelos macios. É, também acho esse excesso de perfeição muito irritante.
O beijo terminou, mas ele não tirou as mãos da minha cintura. Eu também não tirei as mãos do cabelo dele. Ele me olhou, eu olhei de volta. Havia um ar levemente divertido e surpreso no rosto dele.
- Não olha pra mim desse jeito. – eu pedi, num sussurro. Até sussurrante eu me tornei agora. Me internem.
- Que jeito? – ele perguntou de volta, levantando a sobrancelha. Isso é covardia, serio.
- Esse ai. – eu respondi, fazendo beicinho e cutucando ele. Certo, eu devia perguntar pra ele qual foi o método de lavagem cerebral que ele consegue fazer beijando. Beicinho, pelo amor de Deus.
Jordan riu, e me beijou de novo. Quando parou eu estava totalmente atordoada de novo.
-Isso é totalmente loucura, Jordan. Você sabe.
- Hum...Jodd.
- Como?
- Jodd. Eu prefiro que você me chame de Jodd, Allie.
Ah, ele fala meu nome de um jeito tão...fofo. Não consigo brigar por isso.
Dei um suspiro e beijei ele. Totalmente irresistível.
Quando dei por mim, Jodd tinha me puxado pro colo dele. Ele passou a mão pelo meu rosto, arrumando as mechas do meu cabelo curto na minha testa. Ele parecia tão intenso ali, naquela tarefa simples. Eu tinha que quebrar a tensão de novo.
- Já que você resolveu ser rebelde, vem comigo. – eu disse, levantando e puxando ele pela mão.
Pulamos o muro oeste da escola, escondido pelas arvores altas. Jordan teve serias dificuldades com um simples pular de muro.
- Qual é Jodd? Não consegue pular um murinho desses? – eu ri dele.
Jordan, vermelho e bufando, finalmente conseguiu chegar do outro lado.
- Você fica bem gracinha assim todo desarrumado... – eu comentei.
- Ah...Gracinha é? – ele riu de mim, e mesmo cansado me puxando pra um beijo. É gente. O cara é mesmo resistente.
- Não posso acreditar que eu fugi da escola com você. – ele parecia mesmo bem perplexo. Não sei porque, mas isso me incomodou um pouco.
- Não te obriguei a nada, Jordan. – eu respondi, me sentindo meio mal-humorada desse jeito. Eu sei que não sou um exemplo de conduta, mas ele não é nenhum órfão indefeso também não! – Você veio porque quis.
- Ei, eu sei. – Ele respondeu pegando na minha mão. Na minha mão. No meio da rua, com gente passando. – É só que eu nunca pensaria em fazer uma coisa dessas.
- Claro que não, o senhor perfeito, presidente do conselho, chefe do grupo de debates, sonho das lideres de torcida. – eu tirei a mão da dele, irritada. Ei, qual é. O cara estava todo fofo me beijando até cinco minutos atrás e agora vem dizendo que eu obriguei ele a transgredir as tão preciosas regras dele. Ta certo que ele não disse exatamente isso mas...Humpf.
Nós já estávamos quase no parque pra onde eu estava levando ele. Jordan me parou, pondo as mãos nos meus ombros.
- Qual é o problema? – ele perguntou, bastante serio.
- Não tem nenhum problema, Jordan. – Chamar ele de ‘Jordan’ foi um erro. Jodd levantou as sobrancelhas. As malditas e perfeitas sobrancelhas duvidando de mim.
- Porque você esta aqui comigo afinal? – eu finalmente perguntei, depois de encará-lo por um tempo. Foi uma pergunta idiota.
- Porque eu quero estar aqui. Porque eu gosto dessas conversas meio sem sentido que a gente tem. Porque você é divertida e espontânea e sincera. E porque... – ele fez uma pausa dramática nessa hora. – Eu adoro beijar você. – ele disse isso a centímetros da minha boca.
Foi fofo ao extremo. Ah, ele não tem o direito de ser tão perfeito.Ninguém tem o direito de ser tão perfeito.
Nós nos beijamos, ai continuamos andando. Ele ficou meio perplexo ao ver que nós tínhamos ido só ate o parque.
- Eu conheço o parque, Allie. – ele disse.
- Será que conhece mesmo? – Perguntei de volta. Hey, Jordan, você não é o único que pode surpreender afinal.
- Claro que conheço.
Puxei-o pela mão novamente, por um atalho muito pouco usado. Chegamos afinal onde eu queria, uma caverna onde ninguém nunca ia. Eu gostava de ir lá para pensar, ficar só, algumas vezes. As estalactites desciam quase até tocar o chão, brilhantes, e em certas horas do dia o sol batia em cheio nelas, fazendo um espetáculo de luz. Essa era uma dessas horas. Ele olhou para as rochas seculares, então para mim, ai para elas de novo, embasbacado.
- Como é que você descobriu esse lugar?! É lindo! – ele passou o braço casualmente pela minha cintura, me fazendo arrepiar. Garoto desgraçado.
Ficamos na caverna até o show de luzes naturais acabar, por causa da inclinação do sol. Fomos almoçar, e decidimos não voltar para a escola. Jordan era muito interessante por baixo daquele rostinho bonito afinal. Tínhamos muitas coisas em comum.
Voltamos buscar seu carro depois que todos já tinham ido embora. Havia sido uma tarde mágica.
Ele me deixou em casa, todo cavalheiro.
- Nos vemos amanha? – perguntou, meio inseguro. Oh Deus, que-coisa-mais-fofinha.
- Acho que podemos dar um jeito, sem que ninguém nos veja. – respondi, confiante de que ele não queria ser visto comigo pelos amigos. Suicídio social, e talz.
Os olhos dele ficaram um pouco mais escuro, mas supus que fosse apenas uma mudança de luz. Ele me beijou de novo, mas dessa vez foi diferente. Parecia mais...eu não sei, mais intenso. Como sempre, fiquei atordoada. Desci, meio cambaleante, e ele me puxou novamente quando passei pela janela dele, totalmente de surpresa. Foi...Uau.
Acenei pra ele, como uma idiota, ate que sumiu na curva. Então fui fazer biscoitos com Leonor, tadinha. Ela andava bem pra baixo desde que brigara com Megan, ai resolvi dar uma força. Nada alegra mais a Leonor que biscoitos de chocolate. É, todo esse romance esta me deixando meio melosa mesmo.
Uma hora depois eu estava coberta de farinha, e Megan, surpreendentemente, ligou. Leonor parecia ressentida no começo, mas logo a face dela se desanuviou. Tirei os biscoitos do forno, e me livrei daquela farinha toda com um longoooo banho.
Sai do meu banheiro, secando os cabelos na toalha, vestida com um roupão. Graças a Deus eu tive a presença de espírito de vestir ele. Balançando a cabeça no ritmo da musica que tocava a todo volume no meu radio, olho para o espelho e adivinha só quem estava sentado supeeeer a vontade na minha cama?
É, isso ai. O gostoso-mor, gato dos sonhos, super beijador e o cara com o papo mais legal da escola. Jordan. É, na MINHA cama. Dentro do MEU quarto. Na MINHA casa. Acho que já deu pra sentir o clima.
Sufoquei um grito, então virei pra cama.
- Jordan?! Mas o que você...?
- Hei, calma! – ele levantou, pondo as mãos nos meus ombros. – Meg e Leonor acabaram de fazer as pazes. Estão abraçadas chorando no quarto. Quis dar um momentinho de intimidade para elas. E bom, não estava a fim de esperar até amanha.
Ele aproximou os lábios quentes e perigosos de mim lentamente. Mas não me beijou. Beijou minha testa, me virou, e me fez sentar na penteadeira, de frente para o espelho. Pegou o secador e começou a secar ele mesmo meu cabelo.
AIQUECOISAMAISLINDINHAMEUSDEUSDOCÉU!
- Acho que sei de onde veio a súbita inspiração de Megan para fazer as pazes.
Ele deu de ombros, me fazendo rir. O movimento das mãos dele no meu couro cabeludo era hipnótico.
- Você é tãoooo sutil. – eu disse irônica, para quebrar o gelo. Qual é, o cara tava ali todo fofo secando o meu cabelo enquanto eu vestia só um roupão. Um roupão curto. Toda aquela tensão ia acabar me infartando.
- Você nem imagina. – ele sussurrou, descendo o rosto até a minha orelha, nossos olhares juntos no espelho.
Meu cabelo nunca ficou tão lindo e bem penteado. Ele tinha talento pra coisa. Riu quando eu mencionei isso, dizendo que não porque todo cabeleireiro é gay. Chamei ele de preconceituoso, acabamos fazendo cócegas um no outro na cama. Detalhe: eu ainda estava de roupão.
Logo que me dei conta disso o expulsei do quarto, mortificada. Mas tratei de me vestir rapidinho.
Quando abri a porta ele não estava no corredor. Sai pela casa, com um medo idiota de que ele tivesse ido sem nem se despedir. Mas não. Claro que Jordan teria, obrigatoriamente, que estar fazendo algo inesperado e fofinho e perfeito. Esse é o meu garoto. Meu. Eu disse meu. Pula essa parte.
Enfim, Jodd, havia se transformado no garoto dos biscoitos com leite da minha irmã e da dele. Essa menina deve AMAR morar na mesma casa que alguém tão...Bom , fofo.
O cara estava lá, sentado no meio das crianças na sala de TV, com uma grande bandeja de biscoitos (Os MEUS biscoitos) e uma caixa de leite, além de quatro copos, assistindo Barbie em Rapunzel. É, você foi alfabetizado direito. Sim, isso ai, não é alucinação. Barbie.
Quando me viu, ele fez Megan ir mais para o lado para me dar lugar. Ai que gracinha de menino. Elogiou os biscoitos, coisa e tal, ai contei para ele que eu e Leonor que tínhamos feito, ele elogiou ainda mais, ai fomos silenciados por duas vozinhas irritadas.
Elas dormiram antes do meio do filme. Irmãzinha lindinha, deixando a irmã mais velha pegar o irmão da amiguinha em paz. Gracinha de menina.
Ao fim do filme Jodd levou aquela coisinha mais fofinha da minha irmã no colo para o quarto. *inveja*
Depois levou a dele pro carro, parando para se despedir de mim. Foi uma cena tão...confortável.
Demorei meses para dormir, pensando em tudo o que havia acontecido naquele dia. Jordan era tão...diferente do que eu julgava. Era bom estar apaixonada por ele e...Opa. Apaixonada. Oh Deus.
Eu totalmente não poderia ter me apaixonado por Jordan. Quer dizer, caramba, ele é O Jordan. Gatão da escola, muso das artistas, inspiração das lideres de torcida, cara com o peitoral/olhos/todoresto mais perfeitos que já foram vistos na terra. Além, claro, de ser legal, inteligente, fofo e carinhoso com as irmãs menores. Certo, certo, vamos admitir, é impossível não se apaixonar por ele. Mas desde que ele não saiba, nem ninguém mais na escola descubra que estamos, hum, bem, o que quer seja isso que estamos fazendo, acho que pode ficar tudo bem, a reputação dele fica intacta. Mas sempre se pode contar com Jordan para surpreender, como eu já citei.
Cheguei na escola morta no dia seguinte. A noite mal dormida cobrava o seu preço. Desci do carro e segui em frente, cabeça baixa. Vi Jodd com os amigos pelo canto dos olhos, mas deliberadamente não olhei pra ele, não o cumprimentei, sequer deixei alguém notar que eu havia observado a presença dele.
Tudo estava conforme o plano até aquela voz me chamar. Na frente da escola INTEIRA.
Jordan estava pondo tudo a perder, pelo amor de Deus.
Ignorei, mas ele chamou de novo. Ignorei. Até que senti a mão dele puxando o meu braço. Todo mundo olhava a gente com uma expressão estranha.
- Jordan! – exclamei baixinho. – que diabos você pensa que esta fazendo?
- Tem tanta vergonha assim de ser vista comigo, Allisson? – ele perguntou, um tom acima do aconselhável. E ele parecia magoado.
- Você sabe muito bem que não é a minha reputação que esta em risco aqui.
- Ótimo. – Jodd retrucou, pegando no queixo e levantando o meu rosto pra um beijo. É, pasmem, um beijo. E que beijo, meu Deus!
Na frente DA ESCOLA INTEIRA. Na frente dos amigos populares dele, e das lideres de torcida/membros do grêmio/artistas e etc que são a fim dele. Eu sei, o cara é maluco. Mas caramba colega, o que foi aquele beijo. Me deixa de pernas bambas só de lembrar.
Quando ele me soltou, parecia que a escola toda prendia a respiração. Imaginem, um popular, alias, O popular, delírio das mulheres, Jordan, agarrando a louca violenta da Allisson no meio do pátio. Todo mundo esperava que eu, no mínimo, quebrasse o nariz dele. O que se quer saber seria um desperdício gigante porque ele tem um narizinho lindo e...enfim. Concentra na narrativa, Allie. Isso. Eu estava lá, toda tremula e chocada, e ele com um grande sorriso confiante, me segurando. Já falei dos dentes dele? Céus, o que os pais dele não devem ter gasto em dentistas para deixá-los tão perfeitos e...ops. Fiz de novo.
Bom, continuando, nós estávamos lá, todo mundo esperando o que eu ia fazer, até que acabei não resistindo e beijando ele de volta. Já disse, é irresistível!
Chocamos á todos. Menos, ao que parece, aos amigos dele. Todos os caras populares começaram a bater palmas e assobiar em incentivo. Epa. Parece que eles estavam sabendo de coisas que eu não sabia.
- Jordan, eu...
- Allie. – ele disse, pouco antes de se ajoelhar. Aos meus pés. Com TODO MUNDO olhando. Onde é o buraco mais próximo, oh Deus? Eu vou ser totalmente morta por toda a população feminina dessa escola. – quer namorar comigo? – ele fez aquela carinha. Você sabe, aquela. E a trouxa aqui se derreteu toda, claro, enquanto tentava puxar ele pra ficar em pé de novo. Aquilo tudo era MUITO bizarro. Estava tão envergonhada, e bobamente apaixonada, que se ele perguntasse se eu pulava do Empire State com ele eu diria sim. E bem, eu disse sim. Namorar não é muito diferente de pular de centenas de metros sem proteção, se você pensar á fundo. Ele finalmente levantou, me beijou de novo, o que deixou os amigos dele ainda mais entusiasmados.
Talvez eu tenha me enganado com esses garotos afinal.
Talvez eu tenha me enganado com muitas coisas. =)

FIM!

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