quarta-feira, 30 de setembro de 2009

The Wedding

The Wedding
Estava tudo absolutamente pronto para o lindo casamento da minha melhor amiga Lucy.A saudade que eu tinha dela apertava o meu coração, mas saber de sua alegria, e participar efetivamente para a realização do seu sonho, ajudava em muito. A decoração já estava contratada, a banda, o local da recepção, o juiz de paz. Faltava apenas eu contar a Jeremy que Lucy ia casar. Tentei fazer isso da forma mais casual que me foi possível Quero dizer, por mais que ele fosse um playboy arrogante, sacana e sem coração e eu quisesse que ele sofresse, Jeremy ainda era o melhor amigo de Caio, meu namorado. Algo que eu nunca entendi bem, porque o que Caio tem de fofo, Jeremy tem de cretino.
Eles estavam todos reunidos, como sempre, numa das praças da cidade. Eu tinha acabado de pegar o pacote volumoso no correio, e decidi que aquela seria uma hora tão boa quanto qualquer outra para contar.
Caio estava sentado com eles me esperando. Jeremy estava sendo abraçado por Camille, a garota pela qual ele trocara Lucy, mas não parecia exatamente contente com os carinhos invasivos e melosos dela. Dei um oi geral, um rápido selinho em Caio e abri o meu pacote.
Eram os convites para o casamento, personalizados e lindos em papel filigranado cor champagne e belas letras rebuscadas em prateado. Uma foto de Lucy e Jake ocupava a parte de dentro de cada um deles, enquanto o exterior era enfeitado com suas iniciais e o nome do convidado, escrito a mão. Separei aqueles que se dirigiam as pessoas que estavam ali, enquanto todos me olhavam estranhamente.
- Caio. – Estendi o dele, e ele ficou admirando o C tão belamente desenhado antes de abrir. Caio, como namorado da melhor amiga da noiva, já sabia do casamento. Os outros, ainda não.
Lucy tinha se mudado para longe, depois da decepção que Jeremy lhe dera. E ela já conhecia Jake. Fora fácil, para ela, se apaixonar por ele. Ela já era meio apaixonada antes mesmo deles se virem pessoalmente pela primeira vez.Eles haviam se conhecido na internet, ficado amigos, e então as coisas simplesmente aconteceram quando ela se mudou pra cidade dele para fazer faculdade. Num segundo começaram a namorar, no seguinte moravam juntos. Isso fazia uns 5 meses.
-Jeremy. –disse sem emoção. Ele merecia, se o fizesse sofrer. Se não fizesse... eu tinha certeza de que Lucy não mais ligaria.
- Mas o que é... – Então vi seu rosto se abrir em choque.

Eu esperava tudo ao abrir aquele belo envelope maldito, que Cass tão prontamente entregou a mim.
- Lucy e Jacob convidam você a participar da cerimônia de seu casamento, a ser realizada no coreto da praça central, as 20:00 horas do dia 15 de abril de 2010. – Eu ouvi Bernard lendo em voz alta. Eu só... não podia acreditar naquilo.
- Isso é serio? – Perguntei diretamente á Cass, enquanto Camille ficava observando a foto no convite. Eu pura e simplesmente me negava a olhar novamente aquela odiosa imagem, de Lucy sorrindo, apaixonada, para o rosto ainda mais sorridente do seu, pausa para o vomito, noivo.
- Claro. – Cass me disse com a maior calma do mundo.
- Ela só tem 18 anos, pelo amor de Deus. – Eu não podia acreditar. – Ela esta grávida? – perguntei em pânico. O enjôo em meu estomago aumentando absurdamente.
- Deus, é claro que não. Eles moram juntos praticamente desde que ela se mudou, de qualquer forma. Já são teoricamente casados.
- Eles moram juntos?!
Jeremy parecia pronto pra matar alguém, de tão nervoso que ficou quando Cassandra disse aquilo. Garota chata e implicante, a Cassandra. Sempre fazendo piadinhas irônicas sobre mim ou sobre o meu namoro (*-*) com Jeremy. Só por que a mala da amiga dela não conseguiu prender um cara tão super lindo como ele, e só por que o Caio na verdade é gay e ta com ela só por fachada... Mal amada, é o que ela é. E daí se eu sou apaixonada por HSM e Rebelde e uso só rosa? O que ela tem contra isso? Estou só na moda queridinha, enquanto ela fica usando aquelas roupas indie esquisitas dela. Alias, como a vaca da Lucy. Não que eu conheça esse encosto, Deus me livre. Só vi ela uma ou duas vezes, antes de pegar o meu Jeremy (*-*) pra mim. Ele sempre foi homem demais pra ela. O pescoço de Jeremy ficou muito vermelho de um jeito bem esquisito, e uma veia pulsava de um jeito assustador. Levei a mão para encostar nele, mas Jeremy me repeliu com um tapa leve e descuidado.
- É claro. Por que não morariam? Ele morava sozinho, ela precisava de um lugar pra ficar... – Cass fez um gesto vago com a mão, um sorriso de escárnio pregado no rosto. – E se amam. Nada mais obvio.
Jeremy resmungou e se sentou de novo, olhando pro chão. E por mais que eu fizesse, não consegui fazê-lo realmente prestar atenção em mim depois daquilo.

E foi assim que eu me vi, meras duas semanas depois, metido num terno alugado, preto, com Camille, adorável num vestido verde e curto de cetim, saltitando agarrada no meu braço. Eu estava no piloto automático naquele dia. O coreto ficara ainda mais bonito enfeitado com o que pareciam ser milhões de rosas brancas e vermelhas e quilômetros de renda branca. Os arranjos altos eram compostos por uma profusão de botões brancos e somente uma rosa vermelha aberta no centro. O noivo já estava lá quando eu cheguei, praticamente o ultimo convidado a sentar.
O alto, forte, e sorridente Jake, a quem eu nunca vira mas por quem nutria um ódio cego e mortal. É claro que eu sabia que tudo fora minha culpa. Eu havia hesitado com ela, com a única garota que importava, e brincado com os seus sentimentos. Não que eu tivesse certeza de que Lucy realmente nutria algum por mim, mas eu devia ter lutado por ela. Permanecido com ela. Feito ela me amar. Mas eu fui burro e idiota, e agora eu deveria vê-la caminhar pelo chão coberto de pétalas de rosas para encontrar o seu noivo.
Os músicos vestidos de fraque começaram a tocar a valsa nupcial, brilhantemente bem. Eu vi o sorriso de Jacob se abrir ainda mais, e as suas mãos pararam de se torcer uma na outra. A mãe de Lucy, num dos cantos do coreto, enxugou uma lagrima com cuidado, para não estragar a sua cuidadosa maquiagem. Ela nunca gostou de mim, e parecia mais que satisfeita ao se virar para o futuro genro e sorrir. Mas Jake não olhava para ela. Só tinha olhos para a frente, para o único lugar onde eu não tinha coragem de olhar. Cass e Caio também estavam no coreto, junto com um outro casal que eu não conhecia. Os padrinhos. Cass parecia imensamente orgulhosa, Caio apenas chocado. Juntei toda a coragem que me restava e me virei para olhar ela.
Lucy caminhava muito, muito devagar em direção ao seu futuro. As duas pequenas garotinhas vestidas como miniaturas de princesas pareciam flutuar a sua frente, espelhando pétalas. Mas quem roubava a cena era Lucy.
Eu nunca tinha visto nada tão bonito, e acho que jamais voltarei a ver. Ela estava... a única palavra que me ocorre é deslumbrante. O seu cabelo dourado, muito habilmente penteado em cachos que formavam uma moldura perfeita para o rosto, que só podia ser descrito como luminoso. O vestido, uma obra prima branca com longas mangas de rendas que se abriam em mais de um metro de tecido em seus punhos finos, se colava em seu busto e na cintura fina que eu tantas vezes rodeei negligentemente com os braços, para depois se abrir numa nuvem de tecido branco. O véu, muito, muito longo, saia da grinalda que brilhava em meio aquela profusão de cachos e se arrastava pelo chão até onde dois menininhos o levantavam.
Mas na verdade o que a fazia linda era a absoluta certeza e felicidade em seu rosto, muito mais do que um belo vestido ou um bom penteado. Ela estava feliz, de um jeito que chegava a enojar. Ela sorria tanto que parecia que seu rosto lindo se partiria em dois a qualquer segundo. E pensar que aquele sorriso poderia ser meu. Que ela olharia para mim no fim do seu caminho de flores com todo aquele amor transbordando. Que ela acordaria ao meu lado todas as manhãs, espalhando aquela alegria contente que era tão sua. O maior arrependimento da minha vida caminhava lentamente para pertencer á outro homem, e eu não podia fazer nada além de olhá-la. E me sentir miserável.
Não sei se ela me viu naquela noite luminosa e florida, na noite mais bela da sua vida. Na noite em que só podia ver aquele enorme sorriso cheio de dentes de Jake. Ele, com toda a certeza me viu. Eu permaneci lá, duramente, enquanto ela fazia os votos, cada palavra como um chicote sobre mim. E quando eles se beijarem, senti como se algo se rompesse dentro de meu peito, escorrendo algo viscoso e doentio enquanto o resto do mundo aplaudia aquele amor amaldiçoado por mim. Quando eles se viraram para receber os comprimentos, o olhar de Jake encontrou o meu por um momento. A sua expressão perdeu o grande sorriso e ficou feroz por um único instante, antes de se abrir novamente num sorriso presunçoso, e ele apertou-a contra si. O olhar e o sorriso me diziam o que não parava de gritar e brilhar em letras de neon vermelho na minha mente. Ela é minha. Você perdeu.
O maior arrependimento da minha vida.
Eu vi Jeremy olhando para mim na noite do casamento, e meu coração deu um salto. Pela primeira vez desde que Jake tinha me pedido para ser sua esposa eu duvidei da minha escolha. Ele estava lá, todo lindo e transviado no terno, com o cabelo bagunçado e os pircings brilhando na luz indireta da decoração. Meu coração falhou um batimento ao lembrar da sensação gelada do metal do pircing em seus lábios no meio do beijo e do quanto o cheiro dele era bom e de quanto o seu cabelo era macio e o quanto seu corpo era forte.
Então eu vi a menina dele grudada em seu braço. E olhei para Jake no altar. Tão certo, tão seguro, tão doce e adorável. Tão amado. Senti que meu sorriso aumentava só em olhar para ele, e vi que não havia mais nenhuma duvida.
Entre aquele te ama, que te valoriza e respeita, aquele que te leva café na cama todas as manhas, que espera o seu tempo e te pede em casamento, e o que trocou você por uma criança, que te deixava horas esperando sem nem avisar enquanto ficava de papo com os amigos, aquele que te traia e te deixava chorando noite após noite, qual você escolheria?
Entre o menino e o homem, eu fiquei com o homem. E caminhei lenta, mas segura, na direção do cara certo.

2 comentários:

Tatsu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tatsu disse...

Honestamente? O tal do Jeremy é um tanto quanto "não macho" (as coisas que ele pensa, como ele as descreve etc.), e o ", pausa para vomitar," foi ridiculo, nada másculo; não combinou nem um pouco, Cris.

Gostei muito. Fico pensando se o Jacob não seria sacana - aquele sorriso após o casamento é muito "eu ganhei" ... o odiei ai. - e o "garoto" não estaria virando homem ... e se ela era realmente mulher para desejar um homem, e não apenas uma garota querendo um mordomo ...

Beijos.

PS. infelizmente não consegui deixar o comentário como "Anonimo".